Dupla Estiagem
Quando Deus manda, lá por seus motivos,
Dois anos secos para os sertanejos,
Se os mesmos anos são consecutivos,
Tombam por terra todos os desejos.
Pelas estradas, tristes, pensativos,
Vão-se arrastando, como caranguejos,
Milhares desses pobres semi-vivos,
Deixando a vida sobre seus rastejos.
A nossa terra, que com chuva é rica,
Faltando a mesma, desprezada fica,
Tombando a seca sobre os ombros nus.
O sol resseca todas as alfombras
E os bichos brutos vão procurar sombras
Nas sombras magras dos mandacarus.
( Dedé Monteiro - 1979)
Nenhum comentário:
Postar um comentário